27/09/2009

Sutil Detalhe

Estava eu sentado em meu sofá, em uma noite de primavera praiana com um vento nordeste a mais de 40 km/h, vendo pela vigésima vez o filme Endless Summer II. Em uma certa cena, na parte em que os surfistas estão na Costa Rica dançando em um baile local, eu vejo um detalhe que não me era estranho, por sinal, era muito familiar. Voltei a cena e me deparei com aquela clássica mulher dançando com uma garrafa de cerveja em sua cabeça, e no momento em que ela fica de costas para a camera, o logo estampado em sua camiseta deixa bem explícito a imagem na qual eu me senti familiarizado. Eis a imagem:


14/09/2009

Greg Noll: Parte III

O auge da carreira de Greg veio em 1965, quando sucedeu sua formação fazendo uma aliança de negócios com seu amigo de infância, na época o “bad boy” lenda de Malibu, Mickey Dora para fabricar e vender as pranchas “Da Cat”. Greg trabalhou diretamente com Dora para criar uma das mais importantes anunciações que a história do esporte já teve. O negócio simplesmente explodiu. “Eu estava fazendo 175 pranchas por semana”, diz Greg, “dúzias de empregados, publicidades, negociadores, tudo em cima de mim e os preços caindo”.





Em 1969, Greg mais uma vez retornou ao Hawaii, e parecia que chegou na hora certa e no momento certo. Em 4 de dezembro um épico swell chegou na costa. O surf estava gigantesco. As casas foram lavadas da Avenida Kam, conseqüentemente, para chegar à sua amada baía, ele teve que contornar os bairros e resorts, onde um enorme swell estava quebrando sobre a baía e não podia ver nada além de espumas e ondas ao horizonte – sem surf naquele local.

Então Noll pegou a estrada devastada com crateras e pedaços de casa em torno de Kaena Point para o lado Oeste e velha Makaha, onde ele pegou a sua última onda de sua carreira de surfista – a qual fez seu nome gravar para a história do surf no qual conta a vocês hoje – uma onda gigantesca que nenhum homem havia remado. Esse foi seu “adios”. Greg diz, “foi esse dia que a minha fixa caiu e minha vida fez uma reviravolta”.

No final da década de 60 houve tanto a reviravolta na vida de Greg, quanto na cultura surfística e geral – com os longboards sendo substituídos pelas shortboards, e a cultura hippie em face da guerra do Vietnam. “Era uma coisa totalmente diferente, para mim era repulsivo. Eu não entendia isso. E quando o meu pai faleceu, eu estava pronto. Eu pensei que a culpa de San Andreas iria cair rachar e toda L.A. iria descer direto para o esgoto”, diz Greg a respeito.

Em dois anos, Greg havia vendido sua fabrica, botou 15 anos de papéis de trabalho dentro de caixas temporárias em sua garagem (e que ainda está lá). “Laura – mulher de Greg – e eu pegamos um pequeno trailer que eu havia concertado e dirigimos todo caminho até o Alaska procurando um lugar para nós estabelecermos uma nova vida. Nós ficamos por aqui, e conheci alguns índios, então subimos e caçamos veados e pescamos por mais ou menos uma semana, e assim que eu disse, ‘É isso!’, e a maioria disto não parava de acontecer!”.

“Aqui” era Crescent City, onde Greg e Laura atualmente ainda vivem empoleirados no topo de Smith perto do Cabo Hole, um dos melhores lugares a pescar truta no rio. Greg se entranhou no comércio pesqueiro na década de 70, possuiu um barco e fez jus àquilo. Pegou massas de peixe, mas nunca navegou muito longe da costa. Laura e Greg criaram e educaram sua filha Ashyline e Jed. Mais tarde, a primeira esposa de Greg e seus filhos, Tate e Rhyn se mudaram para a área. A vida havia se acalmado em um ritmo que, por volta de 1985, Greg recebeu uma ligação de seu antigo amigo, Buffalo.

“Então Buffalo me liga, e me diz, ‘Hey, venha para o Sul, beber cerveja’, eu respondi, ‘Onde está você?’, ele respondeu, ‘”Eu estou em um espetáculo esportivo no sul da Califórnia’. Então Laura e eu viajamos para lá, andamos para dentro desta convenção, onde era onde tudo estava acontecendo – garotas com seus peitos ao vento, pessoas vendendo tudo em nome do surf – e eu estava visualizando todos esses Gotchas e Quiksilvers e Billabongs”.

“Continuando, fiz amizade com Jeff Wetmore, a quem era responsável por este espetáculo. Acabamos ficando bem amigos – pescando, indo para Baja – e conversávamos, e ele começou a puxar essas histórias de mim, finalmente me dizendo, ‘Greg, nós precisamos registrar tudo isso antes que você caduque’. Então ele me apresentou a Andrea Gabbard, e foi assim que lancei o livro (Da Bull: Life Over de Edge). Entre este tempo, Jeff me pede, ‘Olha, eu quero que tu me faça uma prancha – qualquer coisa que você querer – com laminações de redwood ou qualquer coisa’. Eu construí uma prancha, ele a botou pendurada em sua parede e eu nunca mais parei daí em diante”.


Atualmente, Greg trabalha com seu artesão e filho Jed, fazendo em média doze pranchas por ano. Cada uma, uma clássica recriação ou inspiração, sendo aplainadas, cinzeladas, e esculpidas por madeiras redwoods, Koa hawaiiana, cedro Pord Orforf, ou outros tipos de materiais que os historiadores simpatizantes pedem. Fazendo recriação das antigas Olos, das pranchas de Duke Kahanamoku, dos raros Hot Curls, as pranchas de Simmons, e outras especiarias. As maiorias das encomendas custam milhares de dólares e são de colecionadores que não botaram estas muito cedo na água. Greg é um perfeccionista, sendo suas pranchas bastante requisitadas, tendo todo o trabalho que ele precisa. Enquanto isto, há um gigantesco interesse apenas das pranchas antigas.

Whitey Harrison, Doc Ball, Leroy Grannis

e Greg Noll

Pranchas que em 1962 ele vendia por R$ 120, hoje atualmente pode chegar dos 5 à 10 mil dólares. Leilões de pranchas tornaram-se grandes eventos e muitas vezes tendo fóruns para levantar dinheiro para organizações sem fins lucrativos. O mercado dos colecionadores está no auge, e algumas das mais desejáveis pranchas são as de Greg.




Enquanto a história do nosso esporte vem cada vez mais documentada, a história das pranchas, como uma expressão de progressão de designes e materiais, assume uma concomitante importância. Para os historiadores, assim como eu, estes veículos são uma sublime interpretação do espírito criativo dos tempos. Mas a arte de Greg Noll encontrou uma culminação ao se basear nas pranchas primitivas – primitiva não em sua função ou estética, mas sim em seu histórico e criadores. As curvaturas e músculos das quebrantes ondas estão talhadas entre esse raro, e feito à mão trabalho, e a inspiração de Noll é encontrar um essencial casamento da memória sólida inerente à madeira, com a rápida movimentação de forma inerente da onda.

"Nolldini"

“Aqui está ela, a mesma linda mulher (se referindo a Waimea Bay), mas só que agora está paquerando a próxima geração e a geração seguinte. Mas a última vez que a vi, eu juro por Deus cara, eu a olhei e notei que ela piscava para mim. Você sabe, quando aquela série grande vinha, o sol dançando sobre ela e o vento a acariciando, ela me olhou e disse: - Ei Greg Noll, eu lembro de você.” – parte retirada do filme Riding Giants na qual faz qualquer um se emocionar.

Bibliografia: Riding Giants; Greg Noll - The Art Of The Surfboard

31/08/2009

Greg Noll: Parte II

Foi assim que começou a carreira de Greg. Ao retornar para Califórnia, se casa com sua namorada de colegial, trabalhando como salva-vidas e fazendo pranchas. Entrou fundo no estilo de vida retornando todo inverno ao Hawaii, onde ele encontrava o seu desafio em ondas gigantes fazendo com que seu limite fosse seu próprio medo puxando ainda mais. Greg se torna rapidamente amigo de um grupo de surfistas locais de grande espírito, notavelmente Buffalo Keaulana e Hanry Preece. Ele surfou grandes dias ao lado de Buzzy Trent, José Angel e Pat Curren. Greg autorizou Waianae Tailor M. Ni’i para fazer a ele um par de bermudas estilo presidiário (branca e preta), quase uma gozação, assim ficando um símbolo de seu crescente fascínio pelas ondas grandes.


As ondas de Waimea Bay eram conhecidas como kapu (proibidas) para os surfistas desde 22 de dezembro de 1943, quando Woody Brown e Dickie Cross tiveram sua terrível história passada por estas águas (http://backtosinglefins.blogspot.com/2009/05/dickie-cross-22-de-dezembro-de-1943.html). Mas no dia 7 de novembro de 1957, claramente em sua instigação, Waimea foi surfada pela primeira vez por uma dúzia desafiadora de surfistas, incluindo no meio Pat Curren, Harry Schurch, Del Cannon, Mickey Muñoz, Mike Stange, Bob Barmell, e não menos importante, Greg, proclamando o fim do tabu.




Diz Stange, “No primeiro dia em Waimea, ninguém tinha esta idéia de surfar aquelas ondas, exceto Noll”. Dalí em diante, a perseguição de ondas grandes estava apenas começando.

“Greg era bom e engraçado para surfar junto porque era tão competitivo! Quando ele era jovem, era um surfista hotdog, mas quando começou a ficar velho e maior, ele se focou em ondas maiores. Ficava sentado lá fora com José Angel, Ricky Grigg, George Downing, e o resto da gangue, e se alguém de nós pegássemos uma onda boa, ele imediatamente remava para mais fora ainda e sentava lá, hiper-ventilando, esperando uma onda maior ainda! Uma coisa que eu me lembro é quando ele pegou uma onda gigante e eu juro que ele estava com os olhos fechados”, Peter Cole brinca e relembra.

Greg queria surfar também outros tipos de ondas também, seguindo os passos de Bud Browne, filmando o surf e os surfistas de Austrália, Hawaii, e México, produzindo seu primeiro filme, Search For Surf, demonstrando em casas de clube e auditórios de cima para baixo da costa e nas ilhas. Ele fez mais três filmes – “tão bons que não haviam outros”, diz Bruce Brown.

No meio dos anos 60, Gidget foi para Hollywood, o surf explodiu, e a bermuda-presidiária de Greg se tornou um ícone cultural, simbólico das ondas grandes e um destemido compromisso. Noll se tornou um monólito vivo de ondas grandes. Em dezembro de 1964, ele fez jus ao seu limite, remando ao mar adentro em um dia gigantesco para surfar nas magníficas ondas da Terceira Bancada de Pipeline.




Enquanto isso, ele apostou sua reputação (e suas consideráveis habilidades de shapear) daquela primeira garagem no qual ele surfava para finalmente para a fabrica Greg Noll Surfboards’ Hermosa Beach, na qual se fazia de tudo lá dentro.

Dentro deste curso que estava durando 10 anos, pranchas de surf progrediram de Balsa para a tecnologia poliuretano e fibra de vidro, fazendo com que ficasse a tempo para tal demanda.

Em fato, a crítica falta de Balsa coincidiu precisamente com os avaliáveis novos materiais. As operações de Noll foi o eixo-central de uma nascente indústria de surf, sendo seguido por outros severos fabricantes (incluindo Jacobs, Bing, Rick, e Dewey Weber em Venice), que coletivamente fez com que South Bay fosse o centro do universo das pranchas. A maior fabrica de todas era a de Noll, na qual era a única que tinha tal habilidade de produzir os blocos de poliuretano independentemente.

“Nós começávamos com 50 galões de material entrando na saída de traz do prédio. Nós misturávamos os polímeros para fazer a espuma e trazíamos o resto do ingrediente para pôr tudo em um misturador automático, que seguidamente entravam em um molde e saíam como blocos de poliuretano. Havia uma maquina que cortava as extremidades e cola para colar as longarinas, assim, deixávamos repousando. Finalizando, as pranchas eram shapeadas, laminadas, a quilha era colocada, lixada, polida, pintada e depois polida novamente. Isso começava num extremo da fábrica e saía pranchas de surf no outro. E cada um desses passos tinha um departamento distinto um do outro, a gente tinha 67 homens trabalhando ao mesmo tempo”, diz Noll.





12/08/2009

Greg Noll: Parte I

O que eu poderia dizer a respeito de Greg? Acho que eu não teria uma argumentação suficientemente satisfatória para descrever tal ícone do surf, um grande desbravador e shaper, um ótimo salva-vidas e um remador nato. Greg é o avô que todo neto queria ter.


Conhecido como “Da Bull”, nasceu como Greg Lawhead em 11 de fevereiro de 1937, trocando seu nome após sua mãe, Grace, se casar com Ash Noll, um químico. Eles viviam perto do píer da praia de Manhattan, onde o jovem garoto trabalhava como pescador e lavador de prato. Fora do píer, aumentava sua sabedoria sobre a pesca sentindo a euforia das “cook box” e das pranchas de redwood deslizando as ondas abaixo. Isso, ele pensava, que era aquilo que queria fazer em sua vida.

Naquele tempo, as típicas pranchas pesavam de 28 a 45 kg, e o surf era praticamente para os homens. Mas na praia em baixo do píer, um jovem chamado Dale Velzy estava shapeando pranchas com as inovadoras madeiras Balsa, sujando a praia em volta do Manhattan Surf Club com as aparadas de madeira de sua nova “Malibu chips”. Estas chips eram menores e mais leves, facilitando que crianças e mulheres pudessem surfar.

Em 1950, em conseqüência da ampla sujeira que ele estava causando, Velzy foi forçado a mover seu trabalho da praia para um lugar não muito longe. Seu novo lugar foi em Manhattan Beach Boulevard e Ocean Drive foi a primeira loja de surf no mundo, e para Greg, que havia sido seduzido pelo encanto de seu mentor, este foi um extraordinário lugar onde um punhado de madeira entrava pela porta e saía como pranchas.

Dale Velzy tinha um forte caráter – um beberrão e um amante de mulheres e carros velozes. Passando a maior parte de seu tempo livre rodeando a antiga loja de Velzy, que Greg aprendeu suas habilidades fundamentais de shapear e laminar pranchas. Aprendeu o básico de trabalhar em Balsa, tecido e resina. Começou a trabalhar como reparador de pranchas, onde mais tarde foi promovido para um status mais confiável enquanto a balsa entrava em moda. A Balsa na época (atualmente também) era muito cara, então os surfistas traziam suas pranchas típicas do Pacific Home Systems para re-shapear, onde eram feitas com combinações de redwood e Balsa. Retirando as bordas de rewood da prancha e modelando a prancha somente de balsa.

Isso tornou o ofício de Greg em remover as madeiras velhas das pranchas e mandar para Velzy fazer seu trabalho modelando uma prancha mais contemporânea e limpa, assim laminando após. A primeira prancha que Greg shapeou foi de um rapaz chamado Jerry Cunningham, cujo rapaz trouxe a prancha para ser re-shapeada e transformada em uma nova “Malibu chip”. Após de ter retirado as redwood da prancha, Greg trouxe para Velzy terminar o trabalho, mas como Velzy havia esquecido, Greg aproveitou e pegou suas ferramentas e shapeou a prancha por completo. Quando Velzy chegou e viu a prancha pronta, ele olhou para Greg... olhou para a prancha... olhou para Greg... olhou para a prancha... foi daí que Greg tocou a última vez nas ferramentas de Velzy.
Obviamente que o dono da loja havia reparado certa competição futura, em diante, Greg começou a fazer sua própria prancha.

Noll shapeou sua primeira prancha entre o varal do quintal de casa de seus pais, mas foi rapidamente banido quando seus pais testemunharam a catastrófica conseqüência de todo o processo. Então mudou seu trabalho para uma garagem de duplo espaço em Homer Street em Manhattan Beach começando, assim, a construir pranchas para si e seus amigos. Ele tinha uma dádiva no quesito trabalho artesanal, rapidamente fazendo com que suas pranchas fossem singulares pela vizinhança.

Enquanto isso, Greg estava desenvolvendo suas habilidades na água. Embora ele fosse um garoto rígido, ele era forte. Era um ótimo remador (alguns dizem que 90% do surf é a remada) mais tarde tornando-se um salva-vidas de Los Angeles. Tirou em 3º lugar em uma travessia chamada Catalina – uma remada de 26 milhas da ilha ao continente – apesar de ter se perdido na neblina e ter chegado à terra firme 6 milhas acima da costa. O treino de salva-vidas deixou ele em uma forma física elevada dando a ele um ótimo conhecimento dos riscos do oceano, assim o prevalecendo em ondas grandes.

Surfando nas menores, mais radicais e leves pranchas de madeira Balsa que Velzy o ensinou a construir, Noll se transformou um dos melhores surfistas de “South Bay” e Malibu, tendo seu estilo próprio e copiado no meio da década de 1950. Mas ele descobriu o seu amor verdadeiro nas ondas grandes encontrando um lugar perfeito a isso em Lunada Bay, fora da península de Palos Verdes, na qual recebia os típicos swells de inverno tanto no quesito estabilidade quanto no de tamanho e potência.

Aproximadamente em 1954, quando seus amigos mais velhos começaram a imigrar às ilhas hawaiianas em busca de ondas grandes de Makaha, o garoto de 16 anos estava apto para o desafio. A tentação do Hawaii por Greg e seus amigos californianos foi registrada por Bud Browne, um cinegrafista no qual criou o gênero filme surfístico. Suas imagens de ondas transparentes sendo alisadas gentilmente pelas brisas tropicais foram muito para resistir, mas a realidade de viver e surfar nas ilhas veio com um preço. Greg tinha que merecer o respeito dos locais do relativamente isolado lado oeste de Oahu, isso mais tarde significaria em levar uma surra. “Eu achava que era um pequeno preço a pagar para ter a chance de tomar cerveja, ouvir a música ao vivo, e ser parte da gangue”, diz Greg.


Foi a sua remada que mereceu Noll um lugar no time de salva-vidas U.S. que viajou para Austrália para competir a remada e o surf-salvamento coincidente com os Jogos Olímpicos de 1956 em Melbourne. “Mike Bright, Tommy Zahn, Bob Burnside, Bob Moore, e eu trouxemos as nossas pranchas para Torquay”, Noll relembra, “Isso foi depois da corrida de remada, e Mike Bright e eu pegamos as nossas pranchas e remamos para dentro d’água. Eu me lembro de ter pego uma onda, virar um pouquinho, e fazer um pequeno cutback, e então olhei todas essas pessoas gritando em torno da praia, eu pensei que alguém havia sofrido algum ataque no coração”.

Naquela época, as pranchas australianas tinham como modelo-base somente a prancha de Duke, quando este visitou o continente em 1914 deixando sua prancha para os locais seguir em frente a prática. Sendo que em 1956 a última geração de pranchas eram as Cook Box e as Redwood Planks. Um grande crowd tomou conta da praia, junto com a imprensa, fazendo Noll e sua companhia, primeira página do jornal Sidney.

O patrocinador da Olimpíada, Ampol Oil, filmou tudo, fazendo circular em quase todos os clubes de surf do país. Daquele dia em diante, o Aussies ainda chama as pranchas tradicionais de “Mal”, em consideração às Malibu’s ships.Greg bota em questão, “O surf em si tem uma relação na cultura australiana. Se não fosse nós, poderia isso ter acontecido com qualquer outra pessoa, mas o nosso surf atingiu feito um cometa. Da carroça eles partiram para o Porsche”.

22/07/2009

Pictures: Parte I

Olá! Bem vindos a mais um capítulo de Back To Singlefins. Ao longo dos anos na minha aprendizagem ao mundo do surf, desde o começo eu fui acumulando fotos retiradas de sites e diversos. Tive o prazer de acumular mais de 2.500 fotos só do surf antigo, e cá estou compartilhando um poucos destas para vocês:


George Downing, North Shore, 60's.


Walter Hoffman, Makaha, 1953.


Simpatizantes, Waimea Bay, 1962.


Peter Cole, Waimea Bay, 60's.


Ted Crane, Makaha House, 1953.


Desconhecido, Makaha, 60's.


Turistas, Waikiki, 30's.


Desconhecido, Waikiki, 30's.


Wally Froiseth, Makaha, 1953.


Desconhecidos, Waikiki, 50's.


Desconhecido.


Waikiki, 50's.

18/07/2009

Contato com a Ilha

Muitos surfistas, ou melhor, quase todos sonham em viajar ao Hawaii, pegar a sua prancha e ir direto a Pipeline ou Off The Wall, pegar suas ondas, respeitar os locais (obrigação querendo ou não), sentar na areia de Waimea e depois ir embora falando que aproveitou a ilha ao extremo. Por favor, de todas as oportunidades que lá oferece, fazendo o que eu havia dito, você estará aproveitando apenas 1% de toda a ilha. Sim, chegue à ilha e faça aquele surf esperado pela vida toda, mas não limite-se a isso, Hawaii tem muitas portas abertas para os surfistas não-plásticos, há uma sopa de cultura e história borbulhando nele.

Vá ao Bishop Museum e sinta o cheiro de uma cultura esquecida e linda, converse com alguém importante de Moana Hotel que este alguém te deixará de queixo caído de tantas histórias que rondam os corredores, atravesse a rua e vá para o Outrigger Canoe Club e faça amizade com os praticantes, pegue um pranchão de madeira e vá para Waikiki surfar ao lado de Diamond Head, aprenda algumas palavras do dialeto hawaiiano, escale um coqueiro e coma um abacaxi dos campos perto da costa norte, converse com o cidadão mais velho, coma uma comida típica da ilha e não comercial, nade um pouco em Makaha, medite nos areais de Waimea que lá tem forças além do imaginável – não apenas dos tempos modernos, mas também nos tempos dos sacrifícios humanos –, aprenda um pouco de Ukelele, tome um pouco da bebida enfermentada de abacaxi, converse com Peter Cole ou Ricky Grigg cujo surfistas ainda surfam em ondas grandes e aprendam a realmente ver o surf nestas ondas.


Desculpa a minha ignorância, mas só lhe encomendei 5% do que a ilha nos oferece, a iniciativa é 100% sua, estamos falando em estatística aqui, meu caro.

Obrigado.

08/07/2009

Um dia de inverno

Pessoal, amigos e amigas, estudantes e trabalhadores, durante este mês de Julho irei ficar ausente devido às férias de Julho às quais os tão merecidos estudantes recebem. Pretendo mostrar a vocês um pouco do espírito de surf em um dia de inverno de Santa Catarina, sendo acompanhado pelo meu comparsa Rafael Bolsoni, vulgo Rato.



Esses dias eu estava conversando pelo orkut com o meu amigo carioca Wady Mansur, um dos homens a viver a época dourada do surf na década de 60 e 70 e um dos primeiros a surfar na Guarda do Embaú. Uma coisa que eu admiro é que ele ainda é um dos manda-chuvas do arpoador, com tanta energia e paixão na modalidade, depois desses anos todos. Eu escrevi para ele um dia de inverno que vivi na praia da Galheta (Laguna) junto com meu comparsa Rato, foi mais ou menos assim as minhas férias de Julho de 2007:




Era uma segunda feira, depois de ter pagado 15 reais de passagem na rodoviária de Criciúma, estávamos rumo a Laguna sem passagem prevista de volta. Chegando lá com nosso rancho de comida movido basicamente de pizza, pegamos um taxi para a balsa onde os nossos rostos de jovens com barba bem feita nos ajudavam a arranjar carona, nem que fosse em cima da caçamba de um caminhão velho. A carona era limitada, “Pode ser até a entrada da Galheta Sul que está ótimo, senhor!”. Descemos onde esperado, era fim de tarde, mais ou menos 6 horas. O caminho até a nossa casa era uns 300 metros na areia fofa, mas a nossa vontade de chegar nela era tanta que os 10kg de comida e roupas não eram pedra no nosso caminho.




Ihii, chegamos! “Bota a pizza no forno, Rafinha, que eu abro a casa”, eu dizia. “Colchão? Chéck! TV?! Chéck! Rancho?! Chéck! PRANCHAS?! Chéck!”. Pronto! Agora podemos passar duas semanas na praia independentemente do que for. Depois de comer a pizza, fomos preparar as nossas pranchas colocando parafina e tirando a poeira de cima delas. Com a veneziana do quarto aberta para ver o vento e o céu, às 10 da noite estávamos na cama dormindo ouvindo Men At Work e The Police.



As condições não podiam errar, era claro que eu tinha visto a previsão para a semana, estava tudo tão óbvio que o outro dia iria ser aquele dia de inverno que eu tanto esperava - para o Rato também. Às 6:40 o despertador toca, com muito esforço levanto da cama e boto a cara para fora da janela, como previsto era vento Sul e a Galheta Norte tinha que estar rolando. Acordei o “corpo” e fomos com um copo de café na mão até a área da Associação para ver as ondas, em minha opnião aquele dia foi um dos dias mais frio do ano, com a temperatura do ar a 8 ºC e a da água a 16 ºC.


Nossa! O famoso Balcão rolando depois de 3 anos ausente sem nenhuma onda . O Sol ainda na linha do horizonte confundia a nossa vista. Botamos o sleave gelado e pulamos das pedras. As ondas geladas estavam um metrão (dois metros e meio de frente) com uma formação mais perfeita do que eu esperava, passando de 40 segundos de duração, fácil!


Pegamos a primeira onda juntos. Uma das coisas que eu curto nas ondas de inverno é a atmosfera boa que nos passa. Com aquele cheirinho de fogão à lenha das cem casas de madeiras humildes e familiares que lá residem e o surf com os amigos.









Particularmente, aquele dia não apareceu mais ninguém no mar. Fiquei assim das 7 ao meio-dia na água. Depois de comer aquela comida, botei o colchão na rua e dormi nele, pois o Sol nessa época não é quente, e sim gostoso! Esse foi um dia de inverno!



“Se você comparar a mesma devoção de uma busca religiosa... Você acha que alguém o chamaria de um religioso fanático? Provavelmente não. Quando você considerar que o surf é realmente, mais do que tudo, uma fé e uma devoção à essa fé, se tornando supremo em sua vida... Não há nada como ser um surfista fanático.” Riding Giants.