30/06/2009

Alfabeto Hawaiiano

Quanta inveja sentirão vocês dos grandes hawaiianos quando lhes disserem que somente tem de aprender doze letras, que são as que compõem seu alfabeto: a, e, i, o, u e h, k, l, m, n, p, w. E ainda que vocês não creiam, suas palavras são de fácil pronúncia. Há somente uma ou duas coisas que vocês devem lembrar, com o que nunca terão a menor dificuldade, nem sequer no caso de alguém lhes pedir que digam rápidamente HUMUHUMUNUKUNUKUAPUAA, que, de passagem, hão de saber que é apenas o nome de um peixe pequeníssimo. Vocês poderão pronunciá-lo com a mesma facilidade com o que faria um veterano.

Assim, pois, deverão vocês recordar: Primeiro, que toda vogal assinala o fim de uma silaba, exceto em raras ocasiões quando ai, ou ou, são usados como ditongos. Se vocês contarem o número de letras nessa palavra de aspecto tão aterrorizador, verão que há doze sílabas. Segundo, que vocês devem pronunciar:

A como em alma
E como pena
I como esquina
O como em nota
U como em uva,

isto é, como em português; e os ditongos ai, como em baile e au, como em jaula.

Há outra palavra mais importante que, estou certo, que vocês desejarão pronunciar corretamente, devido a ser ouvida com muita freqüência hoje em dia. Hawaii tem três sílabas: ai com em vai, i como em esquina. A maior parte das pessoas não sabe o que fazer com o último i.

Agora poderei dizer-lhe: A LO HA NU I, que significa: minha grande amizade para todos vocês.


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Bibliografia: Kimo

28/06/2009

Alexander Hume Ford: parte III

À medida que o tempo passava, aumentava a sua curiosidade com o povo do Pacífico, utilizando Honolulu como base. Com isso, a revista Mid-Pacific entrou em cena com a primeira publicação feita por Ford, em 1911. A revista mensal correu por 26 anos, cujo objetivo era “aumentar a compreensão entre as nações e os povos”. Na capa da edição de estréia era Duke com um extenso artigo intitulado “Riding a Surfboard”. Embora os créditos do artigo foram todos voltados ao Duke, era de suspeitar que Ford foi o autor deste.

Mesmo com os olhos sobre a maior imagem de uma União Pan-Pacífico, Ford fez coisas como levantar financiamento para o transporte inter-ilhas em liga com o pai de George Freeth, assistida nos acordos comerciais com a Austrália e a Nova Zelândia. Promovendo turismo e incentivando ativamente as Ilhas Hawaiianas como parte dos Estados Unidos. Segundo Charmian London, “Tudo o que ele fazia era pelo Hawaii, não desejando nada para si mesmo, exceto o febril incessante prazer de compartilhar os atrativos de sua terra adotiva”.

Em 1915, Hume Ford já estava mudando sua atividade pessoal para centrar-se mais sobre a sua visão harmônica multirracial e multi-étnicismo no Pacífico, formando a União Pan-Pacífico para tais fins. Com sede em Honolulu, Ford colocou o mesmo tipo de energia em promover a paz na região do Pacífico, tal como havia promovido no surf e Hawaii. Nos próximos vinte anos, ele fez de tudo, constantemente viajando e falando em toda orla do Pacífico e em muitos lugares do resto do mundo.

Infelizmente, acontecimentos mundiais e a existência de auto-interesse de cada um dos países conspiraram contra o que Ford viu como a possibilidade da Liga das Nações, no Pacífico. Após o fracasso de paz em 1937, Ford retorna às Ilhas Havaianas, cansado e desiludido, reconhecendo a futilidade de seu trabalho de mais de 20 anos de promoção de “uma melhor compreensão entre as nações”.

Ford, em 1930, viu que a ilha estava em plena mudança não indo na direção que ele previa, vendo as últimas barracas sendo destruídas para virarem grandes edifícios, era a verdadeiro “uma boa tomada de dinheiro da comunidade”. Ele nunca havia feito uma fortuna com toda a sua promoção.

Na idade de 77 anos, Alexander Hume Ford faleceu numa manhã de domingo, 14 de outubro de 1945 na ilha de Oahu. Dois anos antes de sua morte o Honolulu Star-Bulletin publicou um tributo à ele, dizendo, “Alexander Hume Ford... foi um dos nossos mais conhecidos cidadãos - um inquieto, andando rápido, falando rápido, pensando rápido, com um eterno desejo de melhorar o mundo e toda a gente de sua vizinhança”.



Bibliografia: Legendary Surfers

15/06/2009

Alexander Hume Ford: parte II

Ford, ao se encontrar na noite de 29 de maio com Jack London e sua esposa Charmian, em um canto frio do Hotel Moana, se apresentaram. London já o conhecia por suas publicações. Os dois após uma janta, notaram que suas idéias e vontades caminhavam em uma linha paralela, juntamente com a vontade de Ford em reviver o antigo esporte dos reis, prometendo a London uma aula demonstrativa de surf. Charmian notava que o amigo de seu marido era um “gênio”, e que com esta louca vontade de reviver o esporte, seria um grande sucesso para a ilha.

Pagando a promessa da aula demonstrativa, os dois estavam no mar quando London se apaixonando cada vez mais pelo esporte, teve a mesma visão no qual Ford teve anteriormente: George Freeth surfando calmamente em uma bancada mais distante de Waikiki. Freeth remou em direção dos dois onde estes notaram que acharam mais um para entrar no grupo. Apesar dos calos na cabeça e queimaduras solares, London escreve entusiasmadamente a respeito do esporte,

Ali, onde apenas um momento antes, havia só uma ampla desolação e um invensível rugido, está agora um homem, eréto, completamente desenvolvido, não mais lutando frenéticamente nesse movimento selvagem, não sepultado, não espremido, e não açoitado por esses monstros poderosos, mas à frente de todos eles, calmo e soberbo, equilibrando no topo da vertígem, seus pés estão enterrados na espuma agitada, o vapor do sal subindo pelos seus joelhos e todo o resto de si ao ar livre e ao sol, e ele estão voando pelo ar, voando para frente, voando rápido como as ondas onde está. Ele é um mercúrio. Seus calcanhares são alados e neles está a rapidez do mar! (Jack London, 1907, em A Royal Sport Surfing at Waikiki)”.



Ambos tiveram momentos difíceis nos primeiros dias de surf, pois os dois eram constantemente atingidos por pranchas soltas somando com a pele sensível de London com o Sol. Sua esposa e ele sofreram queimaduras horríveis numa época onde não existia protetor solar, como conseqüência suas articulações demoraram tanto para voltar ao normal, pois suas queimaduras não deixavam os membros ficarem eretos.

Apesar de seu problema com a pele e os machucados do surf, London escreveu um artigo chamado “Riding the South Seas Surf”, no qual foi publicado em outubro de 1907, mas tarde escreveu “Joys of the Surf Rider” para uma revista britânica chamada Pall Mall em 1908.

Alexander foi um dos principais a escrever sobre o esporte, promovendo o surf nas principais revistas americanas como Colliers e St. Nicholas. Constatando a influência caucasiana na revitalização do surf, ele escreveu, "O homem branco e o menino estão a fazer muito mais no Havaí para desenvolver a arte do surf". Ford incentivava, “Aprenda a montar em uma prancha. É o esporte dos reis”.

Sob uma árvore velha chamada hau, e em torno da velha Casa de Banho Moana, London encontrou o espírito "ancestral" nos hoje conhecidos como os Beach Boys de Waikiki, onde mais tarde foram os precursores dos clubes de praia como Outtrigger Conoe Club e Hui Nalu (Clube das Ondas) – organizada em 1908.


Outrigger Canoe Club, 1908


Alexander Hume Ford viajou para Nova Zelândia, Austrália e New Hebrides em 1907 e começo de 1908. Na Austrália, embora os clubes de surf foram se formando e o surf de peito era praticado amplamente desde o final de 1800, não havia um que praticava o esporte na posição ereta sobre a prancha. Ford voltando para Honolulu em 2 de março de 1908, faz amizade com o professor, viajante e escritor Burton Homes. Ford também havia sido solicitado por causa do excesso de desenvolvimento que a praia de Waikiki estava sofrendo, por conseqüência dos hotéis que estavam se formando e as residências particulares, fazendo assim o fechamento completo da faixa de areia. Nativos e visitantes se sentiram espremidos com tudo aquilo.




Os clubes que mais possuíam na área eram os de natação – Healanis, Myrtles e Waikiki Swimming Club. Ford e Homes discutiram a respeito de criar um clube singular, onde haveria incluído neste a pratica de surf e a de canoagem, um clube de Outrigger. No dia 07 de abril, um ofício assinado por 11 pessoas, incluindo Ford, havia solicitado abordar os administradores do Queen Emma Estate para se manifestarem para uma parcela de um terreno junto ao hotel Moana, onde haveria um clube e uma garagem na qual seria deposito para as pranchas e canoas.

Uma carta numerando os membros notou que havia 86 adultos e aproximadamente de 15 membros juniores. O clube foi oficializado formalmente em 01 de mais de 1908, com o objetivo principal de preservar o surf em pranchas e em canoas Outrigger. O único problema de todo o clube era a quantidade maciça de mosquitos, devida a localização do clube que era situada em um pântano. O pântano era a lagoa do hotel Moana, uma água salobra que nascia em Diamond Head.

De acordo com o lendário surfista Tom Blake, que escreveu o primeiro livro sobre a história do surf quase duas décadas mais tarde, o capítulo original do Surfboard Outrigger Canoe Club relatava, “Nós desejávamos ter um local onde o surf renascia e àqueles que viviam longe da água, poderiam manter as suas pranchas. O principal objetivo deste clube era dar uma nova e permanente atração para o Hawaii e tornar a praia do Waikiki a casa dos surfistas”.

Simplesmente, o fundador da OCC (Outrigger Canoe Club), Ford, cita que um dos principais objetivos do clube era certificar que “os nativos e os jovens se divertissem no mar e poderiam montar em suas pranchas à vontade”. Ford havia sido o primeiro presidente do clube. Para um salto importantíssimo para a vida dos Beach Boys, eles haviam sido convidados para serem membros, no qual um destes era o próprio Duke.

Desde o início, a composição do Outrigger foi mista, com um número significativo de surfistas, sendo de pele branca. Esta foi um desenvolvimento único, dada a história do Havaí desde o primeiro momento que os europeus desembarcaram no litoral do Havaí em 1777. Durante todo este tempo, poucos brancos tinham aprendido a surfar. "Os brancos começaram a surfar - e que foi uma verdadeira mudança," Duke Kahanamoku recorda. Com o crescente interesse e falta de repressão, esportes aquáticos como natação, canoagem, e surf mais uma vez se tornaram dominantes em Waikiki.

Depois de ajudar a organizar o Outrigger Canoe Club, Alexander Hume Ford continuou a promover surf através de carnavais, concursos, pela sua própria escrita, e até fotografia. Como promotor, ele foi incansável. Um exemplo perfeito foi após a mudança de George Freeth para o sul da Califórnia, em 1907. Ford não perdeu tempo para encontrar um novo herói de surf: Duke Paoa Kahanamoku.

Ford também mostrou ao mundo as ilhas pelo uso da fotografia. Antes de ele obter este costume, as primeiras fotos de surfistas já haviam sido tomadas por Thomas Severin e Frank Davey em 1890. Suas primeiras fotos eram de havaianos na área Waikiki segurando suas pranchas. Ford deu um passo adiante por fotografar em torno de 1908 que foram, talvez, as primeiras fotografias de surf que sempre apareciam nas revistas (São Nicolau e Colliers). Nos anos seguintes, RE Matteson fotografou George Freeth surfando em Redondo Beach, em 1909 e em 1910, Alonzo Gartley fotografou havaianos surfando no shorebreack de Waimea.


No verão de 1909, o surf de Waikiki tinha atraído um número de considerável de empresários de Honolulu, incluindo um ou dois ex-governadores das ilhas e até mesmo alguns juízes do Supremo Tribunal Territorial.

01/06/2009

Alexander Hume Ford: parte I

Olá, bem-vindos a mais uma publicação do Back to the Singlefins. Nos capítulos anteriores, eu resumidamente explicitei uma parte do Surf Moderno. Comecei com o Renascimento do nosso esporte, passando pelo “Romantismo” e chegando aos últimos momentos da era Longboard, repassando a vocês, o que em minha opinião, foi os momentos mais cruciais desta modalidade.

No começo do século passado, haviam três figuras nas quais se destacavam: Duke Kahanamoku, George Freeth e Alexander Hume Ford. Neste breve capítulo apresentar-lhe-ei o aclamado promotor do surf : Alexander Hume Ford.

Alexander Hume Ford nasceu em 03 de abril de 1868, na cidade de Florence, situada na Carolina do Sul. Filho de Frederick Wentworth Ford e Mary Mazyck Hume Ford, logo viu-se órfão aos quatro anos de idade, pois sua mãe falece durante seu nascimento e seu pai falece após quatro anos, em 1872. A família Ford em si era bem de vida e com grandes influencias, pertencente a uma propriedade chamada Ford’s Point nas proximidades de South Island. Vivendo com sua tia solteira Ellen, Alexander possuía três irmãs que também foram herdadas à elas estas propriedades. Com grande parte de sua herança, educaram Alexander e seu irmão Frederick em Porter Military Academy em Charleston, cuja escolaridade incluía ensino médio e dois anos de faculdade.



Trabalhou brevemente em 1885 para Charleston News e Courier. No ano seguinte, aos 18 anos, Alexander após completar o ensino médio, deixou o Sul-americano não voltando por muito tempo. “Não parecia que nada me segurava no Sul por muito tempo”, escreve ele. "Meus pais morreram quando eu era muito jovem. Minha mãe, de fato, morreu quando eu nasci. Eu era o último dos sete filhos, e fui criado pela minha tia solteira... lembro-me histórias sobre a minha família e de sua riqueza, que veio a partir do plantio de arroz. A prosperidade foi decrescente, porém, após a Guerra Civil. Juntamente com o declínio da minha família...”.

Ford passou a melhor parte de sua vida adulta, como um escritor free-lance em Nova York e Chicago, escrevendo diariamente para os jornais e criativamente como um dramaturgo. Em 1899, no auge de sua carreira de escritor, Ford viajou em toda a Europa Oriental, Rússia, Sibéria, China e no Extremo Oriente. Em missão, ele escreveu artigos para Century, Engineering, Era e Harper's.

No início de 1907, Ford aos 39 anos, “um ligeiro, ágil-homem, com um cavanhaque e um enorme e pontudo bigode parecendo uma vassoura de espanar”, se estabelece em Honolulu, Hawaii. Duas décadas posteriores ele havia aclamado que “foi a emoção do surf que me trouxe para o Hawaii.” É mais provável que Ford se estabeleceu em Honolulu por causa de sua proximidade com a Ásia.

Dois dos meses mais importantes de sua vida foi em maio e junho do corrente ano. No começo do verão, Ford já tinha gasto grande parte de seu tempo tentando aprender a surfar, com resultados nada plausíveis. Ele havia contratado mais de um jovem nativo para ensiná-lo. “Pareceu-me,” diz ele, “que os meus professores me largaram de mão como um pupilo tolo, e eles fizeram mesmo.” Implacavelmente, Ford manteve suas tentativas, de qualquer forma.

Sua perseverança foi recompensada num dia de maio, quando, "Um jovem hapahole (semi-branco e metade nativo)... teve pena de mim. Ele era um dos melhores surfistas da ilha. Eu aprendi em meia hora o que eu havia tentado por semanas.” Seu salvador era um jovem de 19 anos chamado George Freeth, capitão do time de Natação Healani, e acima de tudo um surfista distinto de Waikiki.” Este encontro fortuito entre Alexander Hume Ford e George Freeth acabaria por resultar em uma maior consciência do surfe havaiano nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Oceana.

Imediatamente após este encontro, ambos Ford e George acompanhados por uma delegação do Congresso dos Estados Unidos após uma turnê sobre as ilhas. A visita estava prevista para um período de dois meses, a partir de 08 de maio até meados de julho. Havia 28 membros do Congresso, cujo alguns destes, George deu exclusivamente uma lição de surf. A missão de expedição para averiguação era para determinar se as ilhas Hawaiianas poderiam ser qualificadoras para o futuro do país. Ford usou esta ocasião para ampliar sua rede de contatos com os políticos do continente norte-americano, cuja rede já havia sido criada há anos atrás.



Jack London e sua esposa.

Quando o turístico Congresso partiu para as ilhas principais, Ford retornou para Honolulu. Foi então que ele conheceu o mundialmente famoso aventureiro e escritor Jack London e sua esposa Charmian, em 29 de maio de 1907. Corpulento e inteligente, London em seus dias de glória foi um dos Best-sellers, atingindo a fama mundial com as românticas aventuras, como The Call of the Wild (1903), The Sea Wolf (1904) e White Flag (1906).