19/02/2010

A real Banzai Pipeline



Bem vindos a mais um capítulo de Back To Singlefins. Neste dedicarei aos amantes de Banzai Pipeline e seus poderosos “reefs” misteriosos. Como registrado e comercializado, o trecho em que Ricky Grigg, Mike Stange e Greg Noll se depararam com uma tempestade colossal mostrando não deixar pretendentes que Banzai Pipeline se tornou um dos picos mais intrigante na época de 60 e 70.

Banzai Pipeline, como todos sabem, é um pico traiçoeiro e com uma arrebentação muito perigosa, fato este por ter sido um dos últimos picos de ondas grandes a ser desbravado. A localização desta bancada rasa faz com que as ondas quebrem muito perto da praia. A onda é selvagem e rápida onde qualquer “incoming” vaca faz com que o surfista seja sugado novamente pelo lip e remessado para baixo contra os referidos corais.

Todos aclamam que Phill Edwards foi o desbravador desta praia, mas há relatos que muitos outros surfistas já pegaram onda nesta praia com pranchas ou até mesmo surf de peito, a respeito disto, será apreciado em outra publicação.

Por volta dos anos 50 e 60, no qual eu chamo o fim da era de ondas grandes, a terceira bancada de Banzai Pipeline quebrava raramente, era o famoso Elefante-Branco, pois o swell tem que estar liso e na direção certa para atingir a bancada, o vento em conforme, enfim, tudo tem que estar a favor.

Greg Noll explica, “Eu estou falando bem mais atrás! Primeiro tem as ondas de Inside Pipeline (primeira bancada) onde Phil Edwards – supostamente – desbravou e onde todo mundo surfa atualmente. Os campeonatos também acontecem ali. Diversas jardas adiante têm o lugar chamado Outside Pipeline (segunda bancada), que de vez em quando quebra quando a primeira bancada está muito grande e perigosa. Mas não é a bancada que eu estou falando. Inferno, aquela coisa que eu surfei quebrou quase a uma milha de distância, no extremo da água escura...”

“Isso aconteceu em um dia de novembro de 1964. Waimea estava close-out, Sunset estava insurfável e a primeira bancada de Pipeline estava uma bagunça. Tem uma foto aquele dia que me mostra abraçando a prancha – uma 11’6 – com o braço direito, olhando Pipeline quebrar. Essa foto foi usada como pôster para o filme Big Wednesdey – o original. O que muitas pessoas não entendem que aquela onda da foto era apenas o ‘rasinho’."

“Levou uma hora para que eu e Mike – Stange – entrássemos na água. Quando nós andamos até o nível da água, a gente não conseguia ver o que estava acontecendo lá fora, pois o raso estava muito grande. Então Ricky – Grigg – nos guiou, em cima da areia. Nós sabíamos que podíamos confiar no julgamento de Ricky. Ele ficou lá em cima da areia nos direcionando com quaisquer sinais que ele podia nos fornecer.”

“Para conseguir sucesso na entrada, a gente tinha que atravessar esse monstruoso raso e uma enorme correnteza lateral. Depois de analisar bem, nós notamos que havia um pico onde uma correnteza entrava pela lateral e formava uma calmaria, uma abertura onde podíamos obter vantagem da corrente e atravessar rapidamente a bancada do raso. O problema era que, a gente tinha que começar a mais ou menos trezentas jardas deste pico e remar com a correnteza, tempo certo este que nós iríamos ser jogados através desta ranhura em vez de voltar direto para a areia.”

“Nós fomos pegos e jogados para a areia pelo menos quatro vezes para até então conseguirmos. Nós começamos de manhã e terminamos gastando aproximadamente oito horas na água.”

Após três horas de remada, ambos conseguiram chegar à referida e querida bancada. “Quando nós chegamos naquela bancada distante, não havia ‘lineups’, nada para nos indicar onde tínhamos que estar. Apenas quatro sérias quebraram nesta bancada naquele dia. Nós vimos uma onda quebrar e remamos feitos loucos para chegarmos perto da espuma, para determinar a nossa lineup. A próxima onda quebrou em uma distancia de ¼ de milha de nós, então nós remamos forte para chegarmos naquele espumeiro antes que ele se dissipasse, com intuito de estabelecer uma referência. Então nós sentamos e esperamos aproximadamente duas horas até uma nova série surgir.”
“Havia aproximadamente de seis a oito ondas por série. O Sol bateu na face desses grandes muros d’águas onde terminavam na baía de Waimea fazendo uma beleza de tirar o fôlego. Era um dia surreal. Eu estava tão fascinado que eu parei de remar para apenas visualizar essa onda passar. Era como uma pureza, energia líquida. Então eu acordei e falei a mim mesmo: ‘É melhor você acordar, se esta onda quebrar em sua cabeça, você poderá acabar sendo sugado pelo espumeiro’.”

“Para estabelecermos uma lineup, nós lidamos com Kaena Point e um penhasco que fica atrás de Pupukea, pegando três ou quatro azimutes, até finalmente estabelecermos a nossa lineup naquele final de tarde, apenas uma onda particular veio. Foi a única onda que eu peguei naquele dia, e está permanentemente em minha memória.”

“A onda que eu peguei naquela bancada neste dia formou uma parede com mais de 25 pés mais ou menos uma milha de distância de mim, à minha frente. Era uma esquerda, então estava surfando em backside, goofyfoot, e foi uma sensação horrível. Em vez de ficar menor enquanto eu a surfava, a desgraçada crescia sobre mim. Ficou maior e maior, e eu comecei a ir mais rápido e mais rápido, quando eu estava totalmente travado. Parecia que eu era um homem do espaço praticando uma corrida no vácuo. Primeiramente, eu podia ouvir a minha prancha deslizando na crista da onda em um ritmo constante. Assim que a minha velocidade crescia, o barulho começava a ficar menos constante. De repente não havia nenhum barulho. Por mais ou menos 15 ou 25 pés eu estava no ar. Então, finalmente, eu fui jogado da minha prancha”.

“Quando eu atingi a água, pensei que eu iria me afogar. Eu sofri bastante antes que eu chegasse a superfície e a me preocupar com a próxima onda. Era uma gigante, também. Eu vi Mike remando nessa onda, mas ele tinha uma prancha menor do que a minha, fazendo com que não conseguisse velocidade o suficiente para fazer o drop...”.

"A pessoa tem que passar através de medos totalmente reais para começar a ter aquela decisão se dever ou não ir automaticamente. Você deverá decidir o quando estará disposto em correr tal risco, o quanto está disposto em desistir. Sua vida? Talvez. Isso depende o quanto você deseja essa onda.”

Após perder sua prancha, Noll obviamente nadou até a beirada da praia com auxílio de Mike.

“Naquele dia de Pipeline, Mike e eu sentamos na areia em olhamos praquela coisa aproximadamente duas horas. Nós estudamos as linhas de espuma, checamos a direção da corrente, botamos todas as circunstancias juntas e bolamos um plano.”

Em minha opinião, esse foi um dos episódios que mais me intrigaram da história do nosso esporte. Atualmente, eu pergunto para o pessoal que curte o surf progressivo a respeito de uma terceira bancada de Pipeline, e todos respondem sempre a mesma coisa: “Terceira bancada?! Tais louco, né? Não existe isso”.

Sou grato por saber a história desta praia e pretendo demonstrar para o pessoal que se interessa por ela os homens que se aventuraram e quase perderam as suas vidas fazendo aquilo que gostam, sem pressão, sem platéia, sem premiação, sem auxílio, sem leashs, apenas com seus instintos e o amor pelo mar.





Bibliografia: Legendary Surfers & Youtube.

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Todrox disse...

Muito bom saber o que Greg Noll passou naquela big wednesday em Pipe.
Não é para qualquer um não!
Parabens Lucas.
Check www.keahana.com
Estamos focados em preservar a história com a modernidade dos materiais desenvolvidos especificamente para surfboards e para continuarmos a fazer classicos da história , vide Alter Hobie que se rendeu a essa revolução technologica chamada KEAHANA .

Anônimo disse...

E aí... saíram tomando aquele inside da foto na cabeça??? Esses caras é que eram realmente insanos...